Projeto ainda depende de uma aceitação do governo boliviano
Porto Velho, RO - A Assembleia Legislativa de Rondônia (Alero) promoveu última quinta-feira (31) um seminário para discussão do projeto de construção da Ponte Binacional entre Brasil e Bolívia e os aspectos socioeconômicos e ambientais dos dois países. O encontro ocorreu no auditório Amizael Gomes da Silva, na Casa de Leis.
Conforme o projeto, a Ponte Binacional terá 1,2 mil metros de extensão, construídos sobre o Rio Mamoré, entre o município de Guajará-Mirim, município brasileiro, e a cidade boliviana de Guayaramerín. A obra facilitará o trânsito de pessoas e mercadorias, estimulando o desenvolvimento do setor empresarial e criando empregos para nossa população.
O encontro foi aberto pelo deputado estadual Alan Queiroz (Podemos) que ressaltou a importância da construção da ponte. “Esperamos com muita ansiedade para que este projeto possa acontecer e viabilizar a saída para o Pacífico, estreitando as relações comerciais com os países andinos e os asiáticos. Precisamos dar mais um passo para que possamos viabilizar esta sonhada integração que vem há mais de 100 anos desde o Tratado de Petrópolis”, destacou.
Para o deputado federal Maurício Carvalho (União Brasil), a viabilidade da Ponte Binacional hoje é uma realidade. “É um trabalho de muitos anos e que, agora com o retorno do presidente Lula (PT), vamos trabalhar para viabilizar a construção desta ponte, pois precisamos que ela saia do papel.
Neste momento precisamos não ter bandeiras, mas sim o interesse para que essa obra se torne realidade. O Brasil inteiro vai ser beneficiado e Rondônia muito mais por um projeto que vai virar um corredor de exportação e de importação. Que a Bolívia acelere essa parte para que não possamos perder mais tempo”, frisou.
A deputada estadual Gislaine Lebrinha (União Brasil) destacou a união de esforços entre as bancadas estadual e federal para a resolução da construção da ponte. “Esse empenho com o apoio da bancada federal, da nossa Assembleia Legislativa, por meio do presidente Marcelo Cruz (Patriota) e demais parlamentares além de vocês, bolivianos, vai deixar de ser um sonho. Todo esse trabalho começou em 2008 e passou algumas décadas com diversos políticos levantando essa bandeira para que esta demanda enfim pudesse sair do papel como está neste momento”, acrescentou.
O diretor de obras públicas da Secretaria Nacional de Transporte Rodoviário, Allan Magalhães Machado, ressaltou que o acordo entre Brasil e Bolívia passou a ser uma prioridade aos dois países. “O governo brasileiro lançou o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As rotas dependem dessa ponte e essa prioridade foi dada por nosso governo. Optamos pela contratação integrada para dar celeridade no posicionamento técnico e hoje temos todas as condições e dependemos apenas do sinal verde do governo boliviano”, explicou.
A consulesa da Bolívia, Tezalia Jauregui Pinto, reafirmou a importância da união entre os países no processo de conclusão dos últimos detalhes para a viabilidade da Ponte Binacional. “Estamos fazendo o possível para resgatar a importância desta obra. São duas cidades que se abraçarão por meio de uma ponte. É um momento de sentar e escutar as partes pois existem interesses comerciais, tratar das potencialidades e também do despertar para o turismo. Precisamos de uma resposta mais rápida possível e de maneira imediata, já que esse passamos por mais de 120 anos aguardando uma resposta sobre esta ponte”, justificou.
O engenheiro Jorge Chaves explicou que a ponte é uma demanda histórica para se resolver. “É uma configuração de uma sociedade não só entre Brasil e Bolívia, mas também entre Rondônia e o Departamento do Beni, que podem trabalhar em cooperação. Essa informação sobre a demanda da ponte será levada e isso muda um pouco. Todo mundo está dentro de um mesmo sentido e temos muitos outros projetos a desenvolver em conjunto entre os países”, afirmou.
De acordo com o diretor do campus da Universidade Federal de Rondônia (Unir) de Guajará-Mirim, Gabriel Cestari Vilardi, é essencial se desenvolver um Plano Diretor para o município. “O potencial de uma ponte é de atenção nacional garantindo um acesso com a Bolívia e Chile, atingindo mercados de potencial gigantescos. A cidade de Guajará-Mirim ainda não tem um plano diretor e precisamos preparar o município para a chegada desta ponte, visto que precisamos minimizar os impactos sociais e atrair benefícios para a sociedade”, disse.
O deputado estadual Delegado Lucas (PP) manifestou o interesse da região de Buritis neste acesso à Bolívia. “Depois dessa ponte construída, as cidades nesse entorno terão um surto de agroindústrias. Sou defensor desse projeto e estamos num momento especial que a consolidação dessa obra nunca esteve tão perto. O maior entrave nosso é a ligação com o Pacífico e a Bolívia será este canal para o mercado asiático”, explanou.
Em seguida, a deputada estadual Ieda Chaves (União Brasil) reforçou a importância da ponte para o desenvolvimento da região de Guajará-Mirim. “Essa luta é de longa data com muitas pessoas envolvidas. É gratificante e um momento de muita alegria poder ver que está tudo pronto e dependendo somente de um aceite da Bolívia. São inúmeros negócios que poderão surgir com a economia girando, geração de empregos e renda, com uma chance de melhorar a vida das populações brasileira e boliviana”, afirmou.
O presidente da Câmara Municipal de Guajará-Mirim, vereador João Vanderlei de Melo, relembrou que o município sofreu muito nos últimos 25 anos. “A cidade começa a se destacar com a atuação dos parlamentares para mudar o cenário de Guajará-Mirim. Estamos trabalhando para que nossa população também possa acreditar que é um fato de que vamos realizar. Se só depende da Bolívia, acredito que vamos conseguir fazer esta ponte e quem está sendo a grande beneficiada é Guajará-Mirim”, resumiu.
A deputada estadual Dra. Taíssa (PSC) acredita que a construção da ponte trará o tão sonhado desenvolvimento a Guajará-Mirim. “A ponte é o destravamento da nossa região que vai nos proporcionar geração de emprego e renda. A Bolívia já fez o dever de casa com o asfaltamento de suas estradas e o Brasil também fez a sua parte, mas nós precisamos avançar e virar esta página da história em prol do desenvolvimento econômico dos dois países”, disse.
A presidente da Câmara Municipal de Guayaramerin, vereadora Yaneth Mendez Ibañez da Silva, ficou surpresa por restar apenas a aceitação do governo boliviano para que seja feita a licitação da obra da ponte. “Me sinto emocionada por aguardarem apenas uma resposta boliviana e o aceite de um projeto que foi feito para atender os dois países. Clamamos por esta resposta que é fundamental para as regiões. Lutaremos e se possível não descansaremos enquanto não ouvirmos um aceite para a construção da ponte binacional”, cobrou.
Para o vice-presidente do conselho municipal de Riberalta, Walter Vaca Mendez, a construção da ponte binacional expande novos horizontes a serem explorados entre os dois países. “A construção da ponte é uma criação que será provocada por um impacto social, econômico e ambiental entre Brasil e Bolívia numa relação bilateral. Será uma obra de união entre os dois países e um progresso para a região da Amazônia brasileira e boliviana”, creditou.
A diretora de relações exteriores da Bolívia, Tatiana Paniágua, parabenizou os esforços de políticos brasileiros e bolivianos que estão atuando em conjunto pela construção da ponte. “Agora vamos trabalhar para a aceitação, validação e o ok, pois todo Departamento do Beni está apoiando para que se possa construir essa ponte que significa uma integração entre Bolívia e Brasil”, disse.
Maurício Carvalho revelou que o momento é de aguardar o posicionamento do governo boliviano para dar início ao processo de licitação e da construção da ponte Binacional Brasil Bolívia. “Esse é o papel fundamental na união entre bancada federal e estadual. Aguardamos a união do governo boliviano para que essa obra possa sair do papel, pois a parte do Governo Federal foi feita, falta este aceite e vamos ter uma ponte que atenda os dois países”, ressaltou.
Ao final, Gislaine Lebrinha agradeceu a participação de todos os presentes pelo amplo debate em prol de uma resolução definitiva para a construção da Ponte Binacional. “Avançamos muito com esse seminário. Tenho certeza que, após essa reunião, vamos levar essas palavras para que o quanto antes possamos marcar essa reunião para que possamos ter esse aceite por parte da Bolívia. Temos a esperança que nossos irmãos bolivianos possam nos dar uma resposta o quanto antes”, encerrou.
Texto: Alexandre Almeida I Secom ALE/RO
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